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terça-feira, 8 de novembro de 2011


RITUAIS SAGRADOS: Modos de se fazer presente na eternidade em profundidade poética junguiana


“Quando o iniciado, à noite, se dirigia para a gruta sagrada, oculta na solidão da floresta, a cada passo novas impressões despertavam uma emoção mística em seu coração”.(Jung)

Para Jung, desde o começo dos tempos, o homem tem recorrido a instrumentos artificiais, a ações ritualísticas, tais como danças, cantos, identificação com espíritos ancestrais, etc. Através do ritual, podemos nos mover além dos limitados confins do self  e experimentar as “profundezas indomadas” da alma coletiva. É através também dos rituais que podemos tocar na iminência não só do mundo natural, como também na iminência do divino. Através de rituais, e mais especificamente, através da Invocação da Divindade dentro do ritual, nós incorporamos o Deus dentro do círculo, como dentro de nós mesmos.  Assim sendo, pode-se compreender que o conceito de religião não é defendido por Jung no sentido dogmático ou teológico, mas como experiência religiosa do divino ou transpessoal.
Os rituais estão presente nos cultos religiosos para contemplar seu aspecto legal e determinista. O homem vem ao longo de sua trajetória histórica elaborando rituais com o fim de se proteger das sombras que insistem em emergir do seu inconsciente. Deste modo, a religião teria por finalidade estudar as forças dinâmicas externas que exercem ação sobre o sujeito.

Segundo o dicionário: ritual é qualquer ato ou conjunto de atos comuns, formais ou feitos de forma repetitiva.

Ritual é uma categoria analítica estudada amplamente pelos cientistas sociais, principalmente pelos antropólogos.


Os rituais religiosos

“As estrelas que brilhavam no céu, o vento que agitava a folhagem, a fonte ou o riacho que corriam marulhantes até o vale, mesmo a terra em que pisava – tudo era sagrado a seus olhos, e toda a natureza que o envolvia despertava o temor respeitoso pelas forças infinitas que agiam no universo.”(Jung)






As culturas apresentam diferentes rituais, vai depender das influências de colonização e infiltração cultural. As diferentes religiões convivem em harmonia e existe o momento certo para cada ritual, mesmo durante a mesma festa, como é o caso da lavagem do Bonfim.

Os rituais familiares





Os rituais familiares são atividades simbólicas, repetitivas, altamente valorizadas, as quais transmitem os valores duradouros, as atitudes e os objetivos da família.
Os rituais são altamente simbólicos, não importa se parecem tão comuns, como escovar os dentes. O valor do ritual está justamente na sua inserção em um contexto simbólico, isto é, algo que tenha um significado muito mais profundo do que simplesmente objetivo e observável.
O homem realiza rituais para “tocar” o infinito, para se sentir um pouco como Deus, para trazer o numinoso para o cotidiano, para “resolver” seus conflitos, aliviar suas tensões, enfim, encontrar, ao mesmo tempo, quietude e ampliação da consciência:


“Deus é um mistério, e tudo que dizemos sobre esse mistério é dito e acreditado pelos seres humanos. Fazemos imagens e conceitos, porém quando falo de Deus sempre quero dizer a imagem que o homem fez dele. Mas ninguém sabe com o que se parece, pois quem o fizesse seria, ele próprio, um deus.”(Jung)


Os rituais do cotidano
A essência do sagrado é simples, porque na simplicidade está o genuíno. Na simplicidade está a sinceridade daquilo que se celebra.
Aquele abraço apertado no filho lhe desejando bom dia é um ritual sagrado do cotidiano; aquele almoço durante a semana em casa, conversando coisas gostosas e perguntando sobre a vida dos filhos e falando de sua vida, também, de forma leve e descontraída, é um ritual sagrado do cotidiano; aquele momento, um pouco antes de dormir, quando se conta uma história, ouve-se boa música, faz-se um relaxamento; em família, a dois ou até sozinho é um ritual sagrado do cotidiano. Enfim, pequenos momentos, porém eternos, porque são vividos plenamente, inteiramente, fazem parte dos rituais sagrados, por permitem um contato com o divino em nós, fazem sentido sem precisar dizer ou fazer mais nada além do que se está vivendo, são momentos em que outros pensamentos não invadem a mente, apenas o que está sendo desfrutado no aqui e no agora.

Fonte: Iris de Sá . Ssa, dezembro de 2005, Revista eletrônica Psique.

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