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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

RELIGIÕES CONSTRUTORAS DA JUSTIÇA E DA PAZ

25 ANOS DE CURSO DE VERÃO SP
 08 A 15 DE JANEIRO DE 2012
CIDADE DE SÃO PAULO
 
ASSESSORES :-
 
FAUSTINO  TEIXEIRA - Diversidade Religiosa: riqueza e desafio para o diálogo e cooperação.
MARCELO BARROS E MILTON SCHWANTES - Deus de muitos nomes: criador e defensor do pobre e do estrangeiro,do órfão e da viúva.
IVONE GEBARA - Espiritualidade do respeito ao outro e à natureza do Cuidado e do diálogo na busca da justiça e da Paz.
LUIZ CARLOS DIAS -  CF-2012 Fraternidade e Saúde Pública

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quarta-feira, 28 de setembro de 2011


ORIENTAÇÃO DE PAIS: ESTRATÉGIAS E DESAFIOS SOB O ENFOQUE DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL.
Nívea Maria Machado de Melo, Ana Cristina Barros da Cunha, Bernard Pimentel Rangé. (Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ)

Palavras-chave: terapia cognitivo-comportamental; orientação de pais, crianças.

As relações familiares têm influência importante sobre o bem estar físico, psicológico, social e econômico das crianças. Estudos epidemiológicos atuais indicam que fatores de risco familiares influem significativamente no desenvolvimento infantil. Não há preparação dos responsáveis para a adoção de práticas educativas adequadas na criação dos filhos. Estes pais acabam por usar a modelação social (tanto com membros da própria família, quanto com o ambiente cultural) e o ensaio e erro durante a experiência de criar os próprios filhos. Neste contexto, os pais experimentam muitas vezes intensos sentimentos de culpa e inadequação. A punição física é amplamente utilizada, por falta de conhecimento de outras técnicas disciplinares aliada à falta de diálogo familiar. A grande procura por atendimento psicológico para problemas de crianças e jovens torna relevantes intervenções visando diminuir o sofrimento destes, além de prevenir e atenuar prejuízos posteriores, pois também é grande a procura de atendimento psicológico  por adultos que claramente iniciaram seus problemas na infância e tiveram manutenção e/ou piora posterior. As intervenções familiares possíveis, sejam preventivas ou terapêuticas, podem ser as mais diversas. Envolvem desde a simples orientação aos pais sobre o manejo da criança, baseadas em propostas psicoeducacionais com uso de biblioterapia, por exemplo, quanto, no caso de famílias com fatores de risco adicionais, terapia presencial através de técnicas como a reestruturação cognitiva, treino de habilidades sociais, manipulação dos estados de humor, habilidades de enfrentamento de estresse, assertividade, manejo da raiva, além de outras estratégias para lidar com as cognições, sentimentos e  comportamentos dos cuidadores e/ou da criança. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pressupôe que a forma como a pessoa interpreta as situações (pensamentos, cognições) irá influenciar o modo como se sente (sentimentos, emoções) e como age no mundo (comportamentos). A TCC caracteriza-se por utilizar um modelo colaborativo, possuir uma duração mais curta, ser objetiva e estruturada, enfocar os problemas atuais, encorajar a autodescoberta e a experimentação, buscar aproveitar habilidades subutilizadas e incorporar novas habilidades no repertório do paciente. O presente trabalho objetiva apresentar algumas estratégias da TCC para orientação de pais, tais como: a) utilização constante de reforço dos comportamentos adequados, b) escuta espelhada para ajudar a criança a lidar com os próprios sentimentos, c) técnicas para melhorar a comunicação entre os membros da família, d) trabalho com assertividade, e) contratos, f) sistema de pontos, g) direitos, deveres e regras para toda a família e outras. A TCC também trabalha com a orientação sobre a utilização de punições brandas quando necessário, em lugar da punição física e gritos, tais quais: time-out (castigo), repreensão, ignorar ativamente, retirada de privilégios e outras. Ao longo do trabalho serão apresentados exemplos de casos clínicos atendidos na Divisão de Psicologia Aplicada Prof.ª Isabel Adrados do Instituto de Psicologia da UFRJ, sob supervisão do prof. Bernard Rangé, envolvendo crianças e suas famílias, onde a orientação de pais foi utilizada e alguns desafios foram encontrados. 





Orientação de Pais para o atendimento das Necessidades Centrais da Infância e Para formação de uma criança Resiliente.
Priscila Tenenbaum Tyszler (Clínica Particular, Rio de Janeiro, RJ).

Palavras-chave: resiliência, orientação a pais, infância.

Vasta é a bibliografia sobre as necessidades centrais na infância, porém pouco material científico foi produzido no Brasil para a prática clínica. A necessidade de segurança, previsibilidade, amor, carinho, atenção, aceitação, elogio, empatia, limites realistas e  validação de sentimentos e necessidades parece ser de grande importância para a formação de um sujeito emocionalmente saudável. Neste trabalho serão apresentadas instruções para o atendimento destas necessidades, visando a prevenção de transtornos sócio-afetivos. Os primeiros anos de vida são essenciais para o desenvolvimento pessoal, desde os cuidados básicos ao atendimento das necessidades emocionais. As experiências iniciais de vinculação da criança formam um padrão que pode ser repetido por toda vida. Padrões inadequados dão origem aos chamados esquemas mal adaptativos. Os comportamentos parentais serão relacionados a cada necessidade. Todo pai sonha em criar uma criança perfeita, sem preocupações e com uma vida feliz. Porém, apesar de todo o esforço, é natural a ocorrência de situações adversas durante a vida humana. Portanto, torna-se imprescindível a formação da resiliêcia, que é, de forma sucinta, a capacidade de aprender com situações problemáticas e superá-las. Atendendo às necessidades centrais acima descritas, já estaremos provendo à criança uma base para ser resiliente. Serão abordados mitos existentes sobre a criação dos filhos, como as dualidades: oferecer segurança x super-proteção; rotinas x manias; limites x punição; independência x abandono, aceitação e elogio x falta de disciplina. A previsibilidade é essencial para a segurança e tranqüilidade do bebê e da criança. Através do estabelecimento de rotinas e atitudes coerentes, os pais ensinam a seus filhos conceitos como causa e conseqüência e padrões saudáveis de sono e vigília. Amor, carinho e atenção são atitudes parentais essenciais para a formação do sujeito que se ama e se valoriza. Brincadeiras e demonstrações físicas e verbais de afeto ajudam a criança a construir uma visão positiva de si e dos outros. A aceitação e o elogio são fundamentais para a cognição de ser eficiente e capaz, enquanto o oposto disto, a valorização do erro e do negativo, pode contribuir para a formação de crenças de incapacidade diante do mundo. A empatia, essencial para que o sujeito sinta-se aceito e compreendido, abrange a validação de sentimentos e necessidades e a orientação para a solução de problemas, e contribui para que a criança aprenda a identificar suas próprias emoções e necessidades. É importante que limites sejam estabelecidos o quanto antes, e ainda, que sejam coerentes e orientados pelos próprios princípios e comportamentos dos pais, além de constantes e previsíveis, a fim de serem internalizados. O presente  trabalho apresenta uma revisão bibliográfica e se propõe a relacionar as necessidades centrais da criança aos transtornos afetivos mais comuns na infância.


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

RESGATE DA INFÂNCIA:
Uma necessidade em tempos modernos
 
 
Durante muitos séculos a sociedade agiu de maneira indiferente com relação á infância.  Ser criança já significou, em um determinado tempo, ser um “adulto em miniatura”, símbolo da força do mal, um ser imperfeito esmagado pelo peso do pecado original ou simplesmente um companheiro natural do adulto. O historiador francês Philippe Ariés é um pioneiro da pesquisa da história da infância e da família, seus estudos têm influenciado pesquisadores e cientistas sociais americanos e europeus quanto á evolução na mudança de atitudes da sociedade em relação á família. Kramer (1982, p. 19) relata que a idéia de infância não existiu sempre, o sentimento de família e infância surgiu nos séculos XVI e XVII e que a idéia de infância aparece com a sociedade capitalista, urbano-industrial, na medida em que muda a inserção e o papel social desempenhado pela criança na comunidade.

No decorrer dessas transformações e devido ao amadurecimento do pensamento social, a criança passou a conquistar seu reconhecimento na sociedade. A segunda metade do século XX é considerada o período da legitimação do direito da criança. É, segundo Zabalza (1998, p. 64), a virada de uma “identidade negativa”, a saber: a identidade da criança-adulto, para a emancipação do sujeito social. Mas é preciso destacar que junto a essas conquistas de reconhecimento dos direitos da criança e sua valorização surgiram também determinadas condições. A mesma sociedade que legitima esse ser social, usa de poder para manipulá-lo e sujeitá-lo á novas correntes de pressão social.  O cenário da criança hoje, devido a diversas circunstâncias, aponta para uma infância a caminho do desaparecimento.  Uma fase que após anos de construção, encontra-se em processo de extinção.

Novamente as crianças, de maneira muitas vezes sutil ou subliminar, são pressionadas a serem pequenos adultos. Imitam hábitos e costumes dos adultos e muitas vezes já nem sentem alegria pela infância, seu desejo é alcançar a maioridade. Em se tratando de poder, as mídias são atualmente fortes instrumentos de influência e manipulação na educação e construção desses novos seres “adultizados”. No Brasil, em se tratando das músicas que as crianças cantam, essas não são mais tão infantis. As maquiagens, roupas e calçados copiam o adulto como se os gostos fossem os mesmos. As danças sensuais e canções com palavras obscenas já fazem parte do repertório preferido dos pequenos. Meninas usam roupas e objetos que estimulam a sexualidade precoce, assistem aos mesmos programas de televisão e falam a mesma linguagem dos adultos. Garotinhas usam salto alto e meninos de apenas cinco anos de idade já querem se vestir como adultos e já não aceitam usar roupas que possuam qualquer desenho infantil que os faça parecer crianças.  Abraçar e pegar na mão do filho é considerado motivo de vergonha. Crianças trabalham e apresentam programas de televisão.

Os jogos infantis também mudaram, a diversão agora são os videogames e os filmes repletos de violência. Os brinquedos já vêm prontos, tudo é industrializado, só é preciso manusear. Campeonatos infantis é atração para os pais, que cobram dos filhos ótimos resultados de placar. E quanto á alimentação, como Postman já descrevia, “não há mais distinção entre o lanche do adulto e da criança, ambos devem saborear as delícias da “McDonalds”“. Sem falar da literatura infantil que também está mudando. Até as ruas que antigamente eram lugar de socialização, hoje refletem a falta de relacionamento e interação entre pessoas.

Mas afinal, qual a razão de se negar ás crianças a alegria das brincadeiras espontâneas? Por que lhes podar a criatividade de fabricarem seus próprios brinquedos? Qual o motivo da sociedade aplaudir tudo isso como se fosse algo natural?

O fato inegável é que há um interesse econômico por detrás desta realidade. Uma intenção que possui um objetivo: educar as crianças a serem consumidores em potencial. Educar para o consumo e para a submissão de idéias. Produzir consumidores mirins que satisfarão cada vez mais os desejos desse sistema que insiste em condicionar o verdadeiro sentido da infância ao status, dinheiro e mecanização. As crianças estão sendo pressionadas a crescerem depressa, quando na verdade deveríasse respeitar seu processo de desenvolvimento, pois não pensam, não sentem nem aprendem como os adultos. Elas precisam de tempo para crescer e pressioná-las a viver como adultas só produzirão seres com dificuldades, inseguranças e conflitos no futuro. Na verdade, o que se fala hoje a respeito da infância não condiz com a realidade das nossas crianças, nem com o que fazemos com elas.

É preciso resgatar a verdadeira infância, na qual há um mundo de fantasia, imaginação, criatividade e brincadeiras. Aqui entra o papel do pedagogo, pois como estimulador do conhecimento, poderá trazer para as salas de aula desafios e valores que conduzam seus alunos a descobrirem a verdadeira identidade de um sujeito social. Aqui entra a intervenção dos pais e de toda a sociedade, que precisa romper com os muros do doutrinamento consumista. A história da criança não deve retroceder a um passado de isolamento, e sim estabelecer-se como a história de um sujeito possuidor de direitos, inclusive o direito de voz e o de não ser manipulado pelos adultos. Está-nos proposto o desafio: protegeremos a infância ou continuaremos a reproduzir os interesses de um sistema que insiste em nos dominar? 

                                                  (Texto de: Júnia Dias Rodrigues).
 





Referências:
 
  • A história social da infância e da família. ARIES, Philippe.- Rio de Janeiro, 1981. LTC Editora S.A
  • A política do Pré-escolar no Brasil - A arte do disfarce. KRAMER, Sonia – Rio de Janeiro, 1982. Ed. Achiamé.
  •  Qualidade em educação infantil. ZABALZA, Miguel A. – Porto Alegre, 1998. Editora Artmed.
  • O desaparecimento da Infância. POSTMAN, Neil – Rio de Janeiro, 1999. Editora Graphia.