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O DEUS QUE ESTÁ EM MIM, SAÚDA O DEUS QUE ESTÁ EM VOCÊ

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A  CRIANÇA E A RELIGIÃO
Pastor Neumoel Stina


        Você acha importante para a criança acreditar que existe Deus? Acha importante também que a criança  tenha uma religião? Será que o futuro da criança é moldado pelo que ela começa a acreditar na infância?
O título da palestra de hoje é: “A CRIANÇA E A RELIGIÃO”.
        Uma das necessidades básicas da criança é o relacionamento com os outros. Se ela tem tal necessidade satisfeita, provavelmente irá adquirindo uma confiança básica, e isto é o início do “crer”.
      Então podemos dizer que na infância se forma a atitude de confiança ou desconfiança perante a vida.
      Uma escritora muito famosa disse o seguinte: “As primeiras lições impressas na criança, raras vezes são esquecidas. . . As impressões feitas no coração, no princípio da vida, são vistas em anos posteriores. Podem estar sepultadas, mas raras vezes serão apagadas.” Orientação da Criança, págs. 193 e 194.
       Nessas relações  interpessoais da infância, os pais ou substitutos, exercem uma influência muito importante. Podemos dizer com certeza que o conceito ou a imagem que a criança tem de Deus, é em grande parte a imagem mental que ela tem de seus pais ou substitutos.
     A criança tem a tendência de atribuir a Deus as mesmas características emocionais que percebe nos pais ou nas pessoas com as quais ela mantém um relacionamento significativo.
       Isto é: se os pais transmitem carinho, segurança e amizade, a criança tenderá  ver a Deus assim. Se, pelo contrário, os pais forem rudes, impacientes, agressivos, ela tenderá sentir que Deus é assim também, mesmo que ela, quando crescer, aprender que Deus é bom, amigo e fiel.
    E o que é desagradável é que muitas vezes o que mais, marca ou impressiona os pequeninos são as características mais negativas do comportamento dos adultos, o que vai influenciar no conceito deles a respeito de Deus.
     Existem três fatores básicos na formação da estrutura da personalidade de uma criança. Estes três fatores são: amor, disciplina e independência. Qual o tipo de amor que é bom? No contexto de que estamos descrevendo, seria aquele que expressa o seguinte: “Eu o amo meu filho, não pelo que você faz ou deixa de fazer, mas só porque você é você.”
      E não é este o amor com o qual Deus nos ama? Em Romanos 5:8 nós lemos: “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em quê Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.”
Deus não esperou para nos amar quando não tivéssemos pecado nenhum. Ele Não nos amou porque O amamos e pedimos o Seu amor. Pelo contrário Deus nos amou primeiro e enviou o Seu único Filho para nos livrar de toda maldade e perigo.
     Que grandioso amor!!! O amor divino é incondicional. Quer dizer: Deus nos ama em todo momento, em qualquer circunstância, sejamos ateus, católicos, evangélicos, estejamos na igreja ou fora dela, estejamos pecando ou não! Deus nos ama, porque Ele é amor.
    É muito importante a manifestação de afeto e carinho dos pais pelos filhos. Os filhos precisam ouvir palavras de amor da boca dos pais. É preciso demonstrar amor por meio de palavras.
      Quando a criança errar, censure o ato errado, não a pessoa dela. Não há contradição entre dar umas palmadinhas na criança por causa de seu mau comportamento e depois abraçá-la e dizer o quanto gosta dela e que boa criança ela é.
     Também é importante elogiar a criança pelo que ela é, e não que pelo que faz. É como fazermos elogio quando o filho traz o boletim da escola com boas notas, ou quando faz algo correto, isto é certo.
    Esses, porém não deveriam ser os principais momentos de elogiar as crianças. Elas precisam também ser afagadas e elogiadas quando não estão fazendo nada especial.
   A  disciplina é importante porque vivemos numa sociedade organizada e é melhor aprendermos a nos organizar com quem nos ama do que no futuro com pessoas que não terão o mesmo afeto que nossos pais têm conosco.
      É importante lembrar que disciplina não é castigo. Castigo relaciona-se mais com retribuir o mal praticado. Disciplina significa uma ação dirigida para se obter uma finalidade. A criança é disciplinada porque queremos ajuda-la a tornar-se melhor.
Eis algumas regrinhas simples sobre disciplina:
1.    1.      Estabeleça autoridade: as crianças precisam aprender que seus pais merecem confiança e que devem ser obedecidos.
2.    2.       Seja coerente: evite que o pai dê uma ordem e a mãe outra. Também é bom que os pais fiquem firmes em relação às pessoas bem intencionadas, que podem estragar a disciplina das crianças. Essas pessoas podem ser avós, tios, irmãos mais velhos, empregadas e outros.
3.    3.      Censure o ato, não a criança. Há uma diferença muito grande em dizer: “Você é mal, porque bateu no seu amiguinho” e “Não está certo bater no seu amiguinho e não vou deixar você fazer isso.”
      Enalteça os aspectos positivos da religião e da Pessoa de Deus, não que  Deus tenha aspectos negativos. Nós é que podemos transmitir pela nossa conduta tais características negativas que as crianças acharão que Deus também possui.
     Evite colocar a Jesus como ficando zangado ou triste porque a criança não come, não quer ir à igreja ou então porque não fez direito o dever de casa. Isso não pode ser dito porque não é verdade. Jesus não fica zangado e também não chora porque a criança deixa de fazer isto ou aquilo.  Fale de um Deus carinhoso, amoroso, preocupado com o nosso bem estar, nossa educação, não de um Deus zangado ou chorão.
    Precisamos pensar muito mesmo no fato de que nós, somos “deus”, para os nossos filhos. O que eles estão pensando e sentindo que Deus é, está ligado ao que somos para eles como pessoas.
    Importa então que melhoremos nossa relação para com eles a fim de que se animem a procurar a Deus e permanecer com Ele, porque Ele é amigo fiel, amorável e bom.
Se nos tornamos mais amigos de nossos filhos, se eles podem sentir mais confiança em nós, se nos procuram como um amigo ou uma amiga, se damos espaço para isso, estamos representando bem a Deus para eles, fazendo nossa parte em sua educação religiosa.

Que a comunhão diária com Cristo, resplandeça diariamente em nós para sermos um exemplo cristão para nossos filhos.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Como você vai comemorar o Dia da Criança?

11/10/2011 -  Ivone Boechat
Cerca de 4,5 milhões de pessoas com idade entre 5 e 17 anos trabalham no Brasil, aponta o IBGE.
Todos os dias, mais de 18 mil crianças são espancadas no país, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF. As mais afetadas são meninas, entre 7 e 14 anos. 100 crianças morrem por dia no Brasil, vítimas de maus tratos - negligência, violência física, abuso sexual e psicológico, segundo pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos da Criança/USP. Dados do Ministério da Saúde revelam que 38% das mortes de pessoas com até 19 anos são causadas por agressões.
Disque 100 - Denuncie!
O serviço do Disque Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes é coordenado e executado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República - SEDH/PR, em parceria com a Petrobrás e o Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes - CECRIA.
No Brasil, com uma população de quase 67 milhões de crianças de até 14 anos, são registrados, por ano, 500 mil casos de violência doméstica de diferentes tipos. Em 70% dos casos, os agressores são os próprios pais biológicos.
A violência contra a criança é crescente e nem sempre ocorre na forma de abuso sexual. Levantamento do Núcleo de Atenção à Criança Vítima de Violência, da Universidade do Rio de Janeiro - UFRJ mostra, com base de dados coletados entre 1996 a 2011 que: 29,1% de meninos e meninas são vítimas de abuso físico; a violência sexual aparece em segundo lugar - 28,9%; 25,7% sofreram negligência (todo tipo de abandono); 16,3% abuso psicológico (pressão); 300 mil meninas são vítimas de incesto todos os anos e mais de um terço delas tenta o suicídio (Lacri-USP); 11,5% das crianças de 8 e 9 anos são analfabetas, segundo o IBGE; 114.000.000 (cento e quatorze milhões) de crianças não recebem instrução, sequer ao nível básico; 6.000.000 (seis milhões) de crianças morrem por ano por má nutrição, antes de fazer 5 anos de idade; 800.000.000 (oitocentos milhões) de pessoas deitam-se todas as noites com fome; 300.000.000 trezentos milhões são crianças; 50.000.000 (cinquenta milhões) de abortos são cometidos no mundo por ano.
Comece já!
O UNICEF estima que existam 158 milhões de crianças menores de 15 anos vítimas de trabalho infantil em todo o mundo e que mais de 100 milhões, quase 70% da população laboral infantil, trabalham na agricultura em áreas rurais onde o acesso à escola e ao material educativo é muito limitado.
No Brasil, cerca de quatro milhões de crianças trabalham no meio rural e somente 29% delas recebem remuneração. São escravas. Entre as crianças de 5 a 9 anos, somente 7% recebem remuneração e um grande número não têm acesso à educação. O Brasil tem mais de 680 mil crianças que não frequentam a escola.
Relatório divulgado pela Câmara de Educação Básica, do Conselho Nacional de Educação - CNE concluiu que faltam 245 mil professores no Ensino Médio.
Não é falta de profissionais excelentes e qualificados, faltam profissionais que suportem "viver" com o salário que se paga ao professor.
Você não vai poder resolver o problema da fome, do abandono, da falta de professores, da escassez de assistência aos clamores da humanidade! Impossível! Então, comece a atender o grito de socorro da sua família, do seu vizinho, da sua cidade!
Veja o que está na lei: "Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais" (Art. 5º Estatuto da Criança e do Adolescente).
Um lembrete: a violência faz-se passar sempre por uma contra-violência, quer dizer, por uma resposta à violência alheia (Jean Paul Sartre). Uma sugestão: criminalizar a incompetência política! 
* Ivone Boechat é mestre em educação, pedagoga, conferencista e escritora. Autora do livro "Estratégias para encantar educadores na Arte de Aprender" (2011). Publicado na edição Nº08 - Outubro 2011 - Revista Missões.

Fonte: Revista Missões

"VAMOS DAR AS MÃOS NOSSA FAMÍLIA, FAZER NA AVENIDA UMA CORRENTE DE FÉ... BATE FORTE NO TAMBOR, AXÉ!!!" Samba-enredo oficial da UNIDOS DE VILA MARIA


ALÔ COMUNIDADE DE VILA MARIA!!!

     É HORA DE FAZERMOS UMA CORRENTE EM DEFESA DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO NOSSO BAIRRO. O CONSELHO TUTELAR É UMA GRANDE POSSIBILIDADE DE TRANSFORMAÇÃO DA REALIDADE, MAS PRECISAMOS TER PESSOAS COMPETENTES COM TRABALHO E EXPERIÊNCIA COMPROVADA. QUEREMOS NOSSA QUERIDA ESCOLA CAMPEÃ NO CARNAVAL DE 2012 E A FESTA SERÁ COMPLETA SE A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA TIVEREM SEUS DIREITOS GARANTIDOS POR PESSOAS QUE CONHECEMOS, QUE LUTA DE VERDADE PELOS PEQUENOS, QUE DESENVOLVE TRABALHOS TRANSFORMADORES. É O MOMENTO CAROS AMIGOS, VAMOS DECIDIR O FUTURO... BASTA VOTAR NO DIA 16 (DOMINGO PRÓXIMO) DAS 8:00 ÀS 17:00 H, E ASSIM PARTICIPAR DO DESTINO DAS MENINAS E DOS MENINOS DA NOSSA REGIÃO.

PEÇO O APOIO DE VOCÊS PARA NEY NUNES. FOI EDUCADOR, É ARTISTA, POETA, PSICOPEDAGOGO, ARTETERAPEUTA, AGENTE DE PASTORAL. DESENVOLVEU PROJETOS NA ÁREA DE TEATRO, DANÇA, CULTURA E EDUCAÇÃO. PENSEM BEM... QUEM É MAIS PREPARADO DO QUE ELE?

VOTE: NEY NUNES Nº 42020

terça-feira, 11 de outubro de 2011


CRIANÇA E ADOLESCENTE: UMA NOVA CONCEPÇÃO
Na história geral da criança podemos perceber três grandes tendências nas relações dos adultos com os pequenos.
Podemos dizer que houve uma etapa em que predominou um olhar sobre a criança como um "adulto em miniatura". O pensamento pode ser assim resumido. "Ela tem tudo o que o adulto tem, ela pode tudo o que o adulto pode. Seu único defeito é ser pequena . Vamos então propiciar o seu crescimento vestindo-a como adulto, exigindo dela comportamento de adulto, forçando-a a crescer, terminando assim o mais breve possível com o mal de ser criança..."
Com as descobertas psicológicas das características próprias da criança, houve o reconhecimento das peculiaridades do período de crescimento e da diversidade qualitativa do comportamento infantil. A criança não é só quantitativamente diferente do adulto em relação ao físico, ao psíquico, não é só uma questão de tamanho, de tempo de vida. A criança vive uma diferença biológica, no desenvolvimento do organismo, do seu corpo, dos seus órgãos - E a criança é psicologicamente diferente do adulto.
Isto trouxe consequências no modo de tratar a criança. Se, na primeira tendência, prevalecia uma maneira rígida, exigente de tratar a criança, a segunda trouxe exageros ao considerar a criança como menor, no sentido de incapaz, de objeto de tutela, de proteção. O adulto, a sociedade, deve decidir pela criança, porque ela é menor.Isto teve reflexo também nas leis e no imaginário das relações sociais.
A primeira tendência fortaleceu práticas repressivas e criminalizadoras. As ações divergentes das crianças e adolescentes devem ser tratadas com dureza, e as leis devem ser severas.
A segunda tendência sustentou leis cuja finalidade era tirar a criança da chamada "situação irregular". A criança sem escola, sem família, sem atendimento de saúde, ficaria sob a tutela, a guarda, a proteção do juiz de Menores, que então decidiria o que fazer. E este Juiz, todo-poderoso, em nome da sociedade que se via incomodada com esses menores "fora de lugar", deliberava "em favor das crianças", suas protegidas. Mas esta ação se mostrava inadequada quando tirava as crianças de sua comunidade de origem, afastando-as da família e colocando-as em grande instituições onde estariam "protegidas", onde receberiam tudo pronto, onde continuariam menores, incapazes, alienadas.
Na realidade, estas duas tendências se mesclaram, provocando mais marginahzação e revolta. Em muitas situações só restaram duas alternativas para meninas e meninos: submeter-se ou rebelar-se violentamente. Nas duas hipóteses os prejuízos para a vida das crianças e adolescentes foram muito grandes.
Brota vigorosa neste final de milênio uma terceira tendência, gestada durante séculos.
Nós temos a alegria de participar deste nascimento histórico. Esta tendência faz uma síntese destas duas posições opostas e parcialmente falhas. Supera-as e reconhece que a criança é uma pessoa em condição peculiar de desenvolvimento. Esta visão, fruto de um humanismo profundo, de práticas educativas no mundo todo e das descobertas e estudos mais recentes, está consagrada na Convenção Internacional dos Direitos da Criança, em artigos importantes da nossa Constituição e, sobretudo, no Estatuto da Criança e do Adolescente. Esta tendência pode também ser chamada de Doutrina da Proteção Integral.
Analisemos a grande afirmação: A CRIANÇA É UMA PESSOA EM CONDIÇÃO PECULIAR DE DESENVOLVIMENTO.
A criança é PESSOA, é cidadã, tem voz, tem vez, tem uma visão da realidade, tem uma palavra a dizer sobre ela mesma, sobre os outros e sobre o mundo; palavra que deve ser ouvida, levada em conta, valorizada. Precisamos dar-lhe um lugar, tratá-la com dignidade e respeito, seja qual for a sua situação atual.
A criança é uma pessoa em CONDIÇÃO PECULIAR, isto é, em condição especial, particular, diferente, de DESENVOLVIMENTO. Ela é completa, pronta, acabada enquanto criança, enquanto adolescente, enquanto jovem (condição peculiar), mas, em relação ao adulto, está em desenvolvimento.
Esta característica de desenvolvimento não deve ser, porém, motivo para ficar apenas subordinada, dependente. Mas, ao contrário, lhe dá uma série de DIREITOS. A criança tem direíto de ser educada, ou seja, de receber orientação, conselhos, instrução, capacitação; tem díreíto aos cuidados de saúde porque o seu organismo está ainda em formação, em crescimento, em desenvolvimento, o que por vezes lhe causa crises, mal- estar, dificuldades, que exigem compreensão e ajuda, e não castigo e repreensão; tem direito de ser amada, estimulada a viver e enfrentar a existência, as dificuldades da convivência; tem direito ao fazer, direito de ir e vir, de se profissionalizar, de produzir no trabalho de acordo com sua idade; tem direito de ser acolhída, sobretudo quando lhe faltam as condições fundamentais para sobreviver, isto tudo sob a proteção familiar e comunitária. Familia e Comunidade são os primeiros direitos de uma criança.
Então, o atendimento à criança passa pelo atendimento de seus direitos, que devem ser garantidos primeiramente nas políticas públicas postas em execução através do dinheiro púbhco arrecadado nos impostos. Quem deve controlar isso são os Conselhos de Direitos em âmbito municipal, estadual e nacional. Depois, para aquelas crianças cujos direitos não foram atendidos por ação ou omissão da sociedade e por impossibilidade, ação ou omissão da família (e, em se tratando de crianças, nos casos de conduta), o Conselho Tutelar aparece para garantir tais direitos.
Não compete aqui falar sobre os Conselhos, nem sobre a gestão pública, mas não posso deixar de acentuar que todas essas instâncias, assim como a própria família, a escola, a oficina de produção, os responsáveis por instituições, têm que ter presente no seu modo de tratar a infância esta nova concepção da criança e do adolescente como pessoas em condição peculiar de desenvolvimento, como sujeitos de direitos e não objetos de decisões de outros. Sendo assim, a criança deve fundamentalmente ser ouvida quando se tomam decisões a seu respeito. Deve-se (primeiramente) salvar seus vínculos familiares, suas raizes comunitárias, através do apoio sócio-familiar previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). É preciso procurar garantir-lhe uma família substituta quando o relacionamento com sua famfiia de origem faltar por completo e, finalmente é preciso ter ambiente de família, de respeito, de acolhida real, na casa-abrigo, no centro comunitário, na oficina profissionalizante, onde quer que se abra espaço para realizar qualquer processo pedagógico. É melhor não se pôr a cuidar de crianças e adolescentes se não se tem condições de agir de acordo com a concepção renovada que esta terceira fase da história da criança propõe.
Demos grandes passos no reordenamento jurídico. Temos já leis que nos garantem um rumo, que são um verdadeiro manual de como agir. Precisamos agora reordenar as nossas instituições e atingir a necessária melhoria no atendimento de nossas crianças. Trata-se de um mutirão, de um trabalho integrado e articulado para se atingir a totalidade das mediações que têm a ver com a infância e a adolescência. É um verdadeiro credo, um compromisso que precisamos assumir: de nos capacitar para pôr em prática esta nova concepção, esta nova filosofia. A criança é pessoa, é cidadã, tem voz e precisa ser ouvida.
1 ponto: é preciso dialogar com a criança, raciocinar com a criança, ouvir suas razões e fazer propostas. Convencê-la do que achamos que deva ser melhor, não impor, persuadir, não exigir sem argumentos. Não valem as frases: "Faça isto porque eu quero", "Você tem que obedecer", "Eu mando", ou equivalentes. Nem os pais, nem os professores têm o direito de fazer assim, nem a segurança, nem o juiz, nem o futuro membro do Conselho Tutelar. Vamos aprender a conversar, a ouvir e a falar, a entender, a compreender e a propor. Nossa força pedagógica é muito mais força moral, força de argumentos de convencimento, impacto, credibilidade e legitimidade pelo vigor e verdade das relações estabelecidos.
2 ponto: precisamos aumentar as retaguardas que permitem à criança não perder seus vínculos familiares. Não se atende à criança ou ao adolescente isoladamente. É preciso olhar seu grupo, suas referências, sua família, ainda que incompleta, as pessoas, enfim, que lhe são significativas. Se ela não tem ninguém, é preciso que crie um laço afetivo significativo e estável com alguém.
Esta questão é séria, envolvente, refere-se à cidade como um todo, ao país. Urge articular-se um programa com outro, municípios e Estados entre si, para possibilitar a permanência ou o retomo da criança e do adolescente não-atendidos em seus direitos, a seu núcleo fundamental. Este é o "bê-a-bá", é a dimensão fundamental.
3 ponto: aparecem então no horizonte do candidato a membro do Conselho Tutelar todos os outros direitos que precisam ser atendidos um a um: saúde, educação, documentação, profissionalização. Conselho Tutelar, Conselho Municipal, instituições e serviços públicos devem trabalhar integrados e o Conselheiro precisa ser um perito em encaminhamento, com paciência histórica para ouvir várias vezes a mesma coisa, para saber que não terá retorno imediato para suas decisões. Não pode perder a capacidade de se indignar com a privação de direitos e não pode perder a esperança da utopia, que é ver todas as crianças com família, escola e saúde, brincando nas praças, trabalhando nas oficinas, tendo sempre um adulto como retaguarda e uma cidade inteira para as acolher.
"Aqui amamos nossas crianças" está escrito (ouvi dizer) na entrada da cidade de Ipameri-GO, onde não há crianças nas ruas, sem escola ou pedindo esmola. Sala do Conselho Tutelar - Sala de esperança, da alegria, de um grupo transpartidário, transideológico de amigos colaboradores. Amigos das crianças e lutadores por um direito de pessoa em condição peculiar de desenvolvimento.
Demo-nos as mãos... Salvemos o mundo pela criança, para a criança - prioridade absoluta.
Ir Maria do Rosário Leite Cintra