GRUPO: Indivíduo, saber, parceria e projetos.

         Nossa convivência é tecida por relações. Desde muito pequenos fazemos isso, e engraçado não nos damos conta disso, até crescer e sentir falta. Em tempos de crise de sentido e do crescimento da tecnologia, já não é  mais possível construir relações verdadeiras, daquela de vizinhos e vizinhas que por gentileza lhe saúda um bom dia ou que lhe pede uma caneca de açúcar e em seguida  diz "Deus lhe pague!"

       Educadoras e educadores, em sua sensibilidade, não escolhem um local "adequado" para sua ação pedagógica, percebem   na escuta atenta em diálogo com os adolescentes, as imagens de sua vida desarrumada, por um sistema que marginaliza e produz seres individualistas. Também há a dificuldade   para conseguir realizar trabalhos em grupos, principalmente com adolescentes que já tem suas patotas formadas, ou pior ainda, adolescentes rejeitados por toda a sala por sua condição social. Então o que fazer? Nesse colóquio, me baseio em textos transformadores, que até se tornam sagrados, à medida que eu discuto com eles, e os torno palavra viva para ter uma prática coerente e educativa. (Sagrados mesmos!!!)

     Madalena Freire cita em um artigo, publicado num livretinho, quase sem importância acadêmica, que inclusive leva o título deste texto, que pode nos ajudar a entender este universo do individualismo juvenil e resgatar a circularidade da vida no outro, eu e o outro, o outro e eu, o adulto  e o adolescente, o educador do centro comunitário e a criança violada. Leia e reflita, pensando naquele adolescente que você ainda não conseguiu atingir  e dialogue consigo mesmo:

"EU NÃO SOU VOCÊ, VOCÊ NÃO É EU"

Eu não sou você
Você não é eu.
Mas sei muito de mim
Vivendo com você.
E você, sabe muito de você convivendo comigo?
Eu não sou você
Você não é eu.
Mas encontrei comigo e me vi
Enquanto Olhava pra você
Na sua, na minha insegurança
Na sua, na minha desconfiança
Na sua, na minha competição
Na sua, na minha birra infantil
Na sua, na minha omissão
Na sua, na minha firmeza
Na sua, na minha impaciência
Na sua, na minha prepotência
Na sua, na minha fragilidade doce
Na sua, na minha, mudez aterrorizada

E você, se encontrou e se  viu, enquanto olhava pra mim?
Eu não sou você
Você não é eu.
Mas sou mais eu, quando consigo lhe ver
Porque você me reflete
No que eu ainda sou
No que já sou e
No que quero vir a ser...
Eu não sou você
Você não é eu.
Mas somos um grupo, enquanto somos capazes de,
Diferencialmente
Eu ser eu, vivendo com você e
Você ser você, vivendo comigo. (Pichon-Riviére)

    Construir identidade é a bandeira deles nessa fase, e precisamos ajudá-lo para sua auto-afirmação sem a negação do outro. Precisamos ficar atentos a subjetividade num coletivo plural de aceitação e harmonia. Então mãos à massa, e comece a se repertoriar de Linguagens que garanta uma comunicação libertadora com o universo juvenil. Se levar essa conversa a sério, aposte em projetos cooperativos e solidários, como o Curso de Verão do CESEP em São Paulo, e muitos outros pelo Brasil. Aposte nas Pastorais Sociais das Igrejas, nos Movimentos Populares de saúde, de educação, direitos Humanos, Ecologia, Moradia, Juventude, Mulher negra marginalizada, de meninas e meninos de rua, enfim, em tudo que for causa  de Justiça em rebeldia solidária. Ensinar valores à eles, deve ser mais que moralismo e civismos, tem que partir daquilo de bom que já carregam dentro de si e que precisa ser trazido à luz, conduzido pra fora, resgatando sua dignidade, daí teremos adolescentes cidadãos conscientes e co-responsáveis pela Comunidade de Vida, do Outro Mundo Possível e muito necessário!

(Se levou esta conversa a sério,  e quer participar desta grande rede da vida, ter informações, mande um e-mail para cebs.pjmp@gmail.com, e partilharemos o que há por vir, Abraços. João)

Palmas para a coragem profética do Bispo Dom Manuel Edimilson da Cruz!!!!

 

VEJAM UM EXEMPLO DE PROFETISMO NO EXERCÍCIO DO PODER: Seguir Jesus no compromisso com os excluídos!

     O Bispo Dom Manuel Edmilson da Cruz (86 anos) foi protagonista de uma cena

memorável no Senado Federal; acontecimento este digno de ser tomado como exemplo.

    O episódio ocorreu no dia 21 de dezembro de 2010, na Capital do Brasil.

    Sensacional ! ! !

Dom Manuel Edimilson da Cruz, no senado

    O grande acontecimento se deu quando o Bispo foi receber a "Comenda de Direitos Humanos

Dom Helder Câmara", ofertada pelos Parlamentares brasileiros. O Sacerdote, ao subir em plenário

para falar solenemente, simplesmente disse que "deplorava o aumento exagerado autoconcedido

pelos parlamentares enquanto o reajuste do salário mínimo era uma insignificância" e que "o povo

está morrendo nas filas do SUS por falta de atendimento". Ao final, o Bispo completou que "sendo

assim, se recusava a receber a Comenda, pois a mesma não fazia jus à memória de Dom Helder".

Outro momento não menos importante se deu quando ele disse que "quem vota em político corrupto,

vota na morte".

Acesse o link http://www.youtube.com/watch?v=ZNuFlHAWwxo e assista

   

Arte com Crianças e Adolescentes: Uma proposta que transforma no Curso de Verão                                                          Por João Mario Sales da Silva

        Dentro do Curso de Verão, trabalhamos também as várias dimensões ludo-educativas do trabalho com Crianças e Adolescentes. É um espaço que nasceu da práxis histórica da Pastoral do menor, do trabalho ecumênico com crianças e Adolescentes realizado nos anos 80, por um grupo de agentes de várias Igrejas Cristãs engajados nas "Semanas Ecumênicas do menor".

          Nesse trabalho foram sendo tecidas relações libertadoras de uma prática dialógica baseada na ética cristã, na ótica do reino, na leitura popular da bíblia, no compromisso com os pequeninos, meninos e meninas marginalizadas, imagens da exclusão. De lá pra cá, educadores e educadoras que levaram essa conversa a sério, continuam neste mutirão de formação e estão no Brasil à fora, construindo ferramentas de transformação social, pois o contexto dos meninas e das meninas de hoje, não é muito diferente por exemplo da realidade intrínseca e escatológica de  Joílson de Jesus (in memorian, mártir da causa do menor no Brasil), assassinado brutalmente nos anos 80 por quem deveria lhe garantir proteção. Avançamos com o Estatuto da Criança e do Adolescente, mas sabemos que não é o suficiente, precisamos fazer opções, apostas num projeto de sociedade includente, aquela de crianças brincando nas praças.

      A Arte com Crianças e Adolescentes é um dos caminhos em rebeldia solidária, é uma aposta na pedagogia de direitos, da ternura, do cuidado, da bio-pedagogia, num projeto popular ecumênico transformador.

     Atualmente, no Curso de Verão, contamos com canções infantis sensíveis a caminhada dos pequeninos, na Contação de história,  no contato com a cultura indígena e africana e os jogos e brincadeiras cooperativos e solidários.

Educação popular no Curso de Verão: Caminhos metodológigos

Dentro do Curso de verão, existes espaços menores de aprofundamento do conteúdo, que facilita a construção do saber, que permeia a prática da educação popular, as relações solidárias/ecumênicas e as vivências criativas dos sujeitos envolvidos e comprometidos com as causas do povo (bandeiras de luta). Esse processo metodológico garante que cada um encontre seu espaço e lugar contribuindo e qualificando a discussão. Dividimos esses momentos em espaços de aprofundamento (do conteúdo, na assessoria e nos grupos), espaços de criação (Vivências artísticas e criativas, com monitores "cuidadores" que mediam e facilitam a circularidade do saber em construção). Existe um novo olhar, movido pela sensibilidade e pela prática dialética e dialógica, que compreende esses momentos, numa nova cosmovisão, apontando para o cuidado atento aos saberes produzidos neste mutirão de formação. Há que se perceber, que o registro cuidadoso deste preocesso será garantido pelos "Cuidadores do saber", e os caminhos metológicos e brincantes do vir à ser compromisso, projeto ou prática, terá o olhar sensível dos "Cuidadores do caminho" e a seiva que alimenta, provoca e alivia, dialoga e desafia a razão e o intelecto, "Cuidadores da Arte - Vida". Assim nos perceberemos, parte integrante e sujeitos transformados e desafiados por um processo verdadeiro.

24º CURSO DE VERÃO 2011

Curso 2011 - A vida: Desafio à Ciência, Bíblia e Bioética. Do genoma às células tronco

O Curso de Verão acontece todos os anos no mês de janeiro nas dependências da PUC/SP. É um Curso com longa, rica e profunda espiritualidade ecumênica. Apoia-se na metodologia da Educação Popular. Todo seu trabalho é realizado em mutirão, contando com a participação direta de um grande número de monitores e monitoras, colaboradores/as e voluntários/as que se organizam em várias equipes: coordenação dos blocos, de infra-estrutura, liturgia, animação e arte. . Juntam-se a essas equipes os assessores/as e as famílias que acolhem e hospedam gratuitamente os/as cursistas.

O curso congrega no mutirão pessoas, famílias, comunidades, movimentos populares, instituições educativas e religiosas, com destaque para a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC-SP que abre seus espaços para sua realização e o Colégio Arquidiocesano, que acolhe os participantes para o credenciamento.

O curso é um espaço de partilha de experiências e lugar para aprofundar e revisar as práticas, com insumos teóricos garantidos pela metodologia participativa através das várias oficinas que o curso oferece.

O Curso de Verão propicia uma formação básica no campo bíblico, teológico, pastoral e nos temas emergentes seja nas igrejas, seja na sociedade. O curso está voltado para dirigentes e líderes de comunidades, militantes de movimentos populares e das pastorais sociais, participantes do movimento ecumênico, educadores populares, responsáveis de Escolas Dominicais e catequistas, dedicando especial atenção aos jovens. É uma experiência formativa de caráter popular e que recebe pessoas de todo o país.

O Curso de Verão se realiza todos os anos, no mês de janeiro, nas dependências da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/SP.

Ao finalizar o curso os participantes receberão CERTIFICADO de Extensão Universitária, outorgado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/ PUC-SP e reconhecido pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC) do Brasil.