Bem vindas e bem vindo

O DEUS QUE ESTÁ EM MIM, SAÚDA O DEUS QUE ESTÁ EM VOCÊ

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

GRUPO: Indivíduo, saber, parceria e projetos.


         Nossa convivência é tecida por relações. Desde muito pequenos fazemos isso, e engraçado não nos damos conta disso, até crescer e sentir falta. Em tempos de crise de sentido e do crescimento da tecnologia, já não é  mais possível construir relações verdadeiras, daquela de vizinhos e vizinhas que por gentileza lhe saúda um bom dia ou que lhe pede uma caneca de açúcar e em seguida  diz "Deus lhe pague!"
       Educadoras e educadores, em sua sensibilidade, não escolhem um local "adequado" para sua ação pedagógica, percebem   na escuta atenta em diálogo com os adolescentes, as imagens de sua vida desarrumada, por um sistema que marginaliza e produz seres individualistas. Também há a dificuldade   para conseguir realizar trabalhos em grupos, principalmente com adolescentes que já tem suas patotas formadas, ou pior ainda, adolescentes rejeitados por toda a sala por sua condição social. Então o que fazer? Nesse colóquio, me baseio em textos transformadores, que até se tornam sagrados, à medida que eu discuto com eles, e os torno palavra viva para ter uma prática coerente e educativa. (Sagrados mesmos!!!)

     Madalena Freire cita em um artigo, publicado num livretinho, quase sem importância acadêmica, que inclusive leva o título deste texto, que pode nos ajudar a entender este universo do individualismo juvenil e resgatar a circularidade da vida no outro, eu e o outro, o outro e eu, o adulto  e o adolescente, o educador do centro comunitário e a criança violada. Leia e reflita, pensando naquele adolescente que você ainda não conseguiu atingir  e dialogue consigo mesmo:

"EU NÃO SOU VOCÊ, VOCÊ NÃO É EU"

Eu não sou você
Você não é eu.
Mas sei muito de mim
Vivendo com você.
E você, sabe muito de você convivendo comigo?
Eu não sou você
Você não é eu.
Mas encontrei comigo e me vi
Enquanto Olhava pra você
Na sua, na minha insegurança
Na sua, na minha desconfiança
Na sua, na minha competição
Na sua, na minha birra infantil
Na sua, na minha omissão
Na sua, na minha firmeza
Na sua, na minha impaciência
Na sua, na minha prepotência
Na sua, na minha fragilidade doce
Na sua, na minha, mudez aterrorizada

E você, se encontrou e se  viu, enquanto olhava pra mim?
Eu não sou você
Você não é eu.
Mas sou mais eu, quando consigo lhe ver
Porque você me reflete
No que eu ainda sou
No que já sou e
No que quero vir a ser...
Eu não sou você
Você não é eu.
Mas somos um grupo, enquanto somos capazes de,
Diferencialmente
Eu ser eu, vivendo com você e
Você ser você, vivendo comigo. (Pichon-Riviére)

    Construir identidade é a bandeira deles nessa fase, e precisamos ajudá-lo para sua auto-afirmação sem a negação do outro. Precisamos ficar atentos a subjetividade num coletivo plural de aceitação e harmonia. Então mãos à massa, e comece a se repertoriar de Linguagens que garanta uma comunicação libertadora com o universo juvenil. Se levar essa conversa a sério, aposte em projetos cooperativos e solidários, como o Curso de Verão do CESEP em São Paulo, e muitos outros pelo Brasil. Aposte nas Pastorais Sociais das Igrejas, nos Movimentos Populares de saúde, de educação, direitos Humanos, Ecologia, Moradia, Juventude, Mulher negra marginalizada, de meninas e meninos de rua, enfim, em tudo que for causa  de Justiça em rebeldia solidária. Ensinar valores à eles, deve ser mais que moralismo e civismos, tem que partir daquilo de bom que já carregam dentro de si e que precisa ser trazido à luz, conduzido pra fora, resgatando sua dignidade, daí teremos adolescentes cidadãos conscientes e co-responsáveis pela Comunidade de Vida, do Outro Mundo Possível e muito necessário!

(Se levou esta conversa a sério,  e quer participar desta grande rede da vida, ter informações, mande um e-mail para cebs.pjmp@gmail.com, e partilharemos o que há por vir, Abraços. João)

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