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O DEUS QUE ESTÁ EM MIM, SAÚDA O DEUS QUE ESTÁ EM VOCÊ

A experiência religiosa no diálogo inter-religioso


Carybé, artista plático argentino naturalizado brasileiro

         Hoje  se  fala muito  de Deus  a  partir  da  experiência  religiosa,  na  verdade, agora não se pode falar de Deus sem falar do homem que se relaciona com ele. Não é Deus  em  essência, mas  em  relação  ao  ser  humano  que  é  levado  em  conta. O homem  tornou-se  o  centro  das  discussões  acerca  de  Deus.  No  cristianismo  esta discussão  é  um  tanto  quanto  pertinente,  pois  o  cristão  se  identifica  com  o  Deus-homem, Jesus Cristo, gênese do seu agir, imaginando estar assim mais próximo de Deus ao se identificar com ele.
           A  experiência  religiosa  está  extremamente  ligada  ao  sentido  que  o  ser humano  religioso  dá  à  sua  vida.  Como  Feuerbach  bem  situou,  “a  religião  é  uma revelação solene das preciosidades ocultas do homem, a confissão dos seus mais íntimos  pensamentos,  a manifestação  pública  dos  seus  segredos  de  amor”.  Na busca pelo sentido da vida, pela verdade e pela paz mundial, nota-se a presença de um diálogo entre experiências  religiosas diferentes. No caso do cristianismo, busca aproximação com o islamismo e as religiões orientais.
          Numa  época  em  que  a  sociedade  ocidental  não  tem  mais  o  domínio  do mundo,  como  antes  afirmava  tal  ilusão,  há  uma  busca  pelo  diálogo  inter-religioso com as religiões orientais e  islâmica, pois acredita serem elas úteis no processo de compreensão do ser humano que se relaciona com o divino. Neste sentido há uma ênfase  não  em  um  Deus  pessoal,  mas  numa  transcendentalidade  comumente encontrada nas  religiões de uma  forma geral. O  cristianismo  se vê em um grande problema, pois ao afirmar a exclusividade de Cristo implica-se na negação e rejeição de qualquer outro nome que possa  reconciliar o ser humano com Deus, e  isso soa como um preconceito, uma forma de discriminação inaceitável.
         No  diálogo  entre  diferentes  religiões  há  sempre  a  busca  por  algo  que identifique, una e que  torne possível o religioso  falar a partir do seu  locus religioso. Mas nem  todos os religiosos cristãos compartilham do  ideal do diálogo  inter-religioso. Os principais opositores ao diálogo  inter-religioso são os conservadores e os  fundamentalistas, pois estes afirmam possuir a verdade em sua  totalidade e por isso não aceitam que outros compartilhem na construção da verdade. Para eles não existe  nenhuma  verdade  a  ser  construída, porque  interpretam  que  Jesus  é  o fundamento de toda verdade existente.
         De acordo com José María Mardones, pode-se afirmar que o cristianismo tem promovido  o  encontro  e  diálogo  entre  as  religiões.  Diz-se  que  esta  é  a  tarefa  do presente  século.  Vislumbra-se  que  este  diálogo  inter-religioso  produzirá  uma relativização das imagens de Deus e um enriquecimento: abrir-se-á a novas formas de compreensão. Uma ampliação do horizonte perante o mistério de Deus.

Fonte: Blog Teológo ateu