João Mario Sales da Silva
É
verão, bom sinal, já é tempo... (Roupa Nova)
Estação propícia das
relações. Tem muito calor... Estação fecunda do amor. Tem muitos
frutos da convivência dialogal e criativa... Janeiro, se aproxima,
lá vem, lá vem... Eh, eh, eh,eh...
Quanta alegria, estes dias têm,
unidade na diversidade, comunhão, educadores animados, às vezes
acanhados, mas sempre atentos e muito ansiosos pela experiência, pela
troca, pela partilha, dias de conflito.
Histórias que se encontram e se
misturam na trama do mutirão, redes que se entrelaçam na aventura
da construção, cheiros que exalam perfumes de justiça, sabores que
temperam e acolhem desejo e sedução, formação e união, ação e
educação.
A educação no Brasil, ainda
menina, dá passos rumo ao ensino de qualidade, mas sem perder de
vista o pensamento de Paulo Freire, sonhamos com uma educação
viável, com utopia e rebeldia solidária, de ação cultural para a
liberdade. Buscamos janelas para a infância e suas fragilidades,
onde apostas pedagógicas vão além de meras transmissões de
conhecimento, para que novas relações sejam tecidas no díalogo
criativo e regadas por um olhar da sensibilidade e da escuta.
Educadoras e educadores,
desanimados e cansados, correm o risco de serem apagadores de sonhos,
reprodutores de insensibilidade e projetos fundamentalistas
anti-dialogais. Buscamos acender a lucidez do díalogo
e da esperança, palavras com som renovador, clareira ao
ser. Pensar a infância e suas dimensões brincantes permite uma
formação humana do olhar, da escuta, da sensibilidade, da empatia.
Recria o paraíso perdido nos campos da intolerância, com arte,
poética, literatura, canções e muitas histórias plurais.
Uma equipe, monitores
voluntários, educadores inseridos na realidade compartilham o ano
inteiro vivências significativas às vezes saborosa, mas muitas
vezes amargas, porém constróem a cada encontro possibilidades do
fazer educativo, impelidos pela educação popular e os desafios da
utopia solidária, ecumênica e transformadora. Além do empenho e da
formação profissional há a preoucupação com a linguagem, de como
os recursos da arte, chão de trabalho de cada um, ressignifique a
problemática da infância e da adolescência e suas violações. Os
saberes do corpo, da palavra, da experiência adquirida permite que o
conteúdo, a pedagogia de direitos, a infância e sua poética
contribua para a construção do saber coletivo, por isso a
importância dos 'Espaços de criatividade' (antigas oficinas), para
ajudar os educadores a reproduzirem e multiplicarem as vivências
experimentadas. No encontro, relações, espiritualidades, histórias,
tradições, práticas educativas são místicas fecundas de
vivências estético-pedagógicas que apostam no 'Outro Mundo
Possível', de crianças brincando na praça, adolescentes sorrindo
com graça, sacramentos vivo da cidade justa.
Parte da equipe 'Arte com Crianças', Formação Junho de 2011 / CASA comunitária-CESEP |
Profundo e engajado, este texto provoca em mim um olhar diferenciado para a infância, para uma argumentação que se concretize na essência de um compromisso solidário com a tarefa de educar para além das formalidades convencionais. Há que se olhar com a doçura engajada em processos que busquem a dignidade da criança real, com suas fases brincantes, com suas exigências processuais. Que mais educadores, como você João, possam iluminar nosso fazer na educação de crianças e jovens, e alimentar a nossa crença materializando a presença do grande educador Paulo Freire.
ResponderExcluirMaria de Jesus